6 de nov. de 2013

Outras percepções sobre a importância da alimentação...

 De acordo com Ernst Gotsch,  todos os seres vivos possuem uma característica comum:

Todos nós sentimos FOME
Comendo mamão fresco na Agrofloresta!
Na natureza, todos os seres vivos são orientados a cumprir uma função específica, orientada por um prazer interno. Alimentos são resultado da busca de prazer interno provocada pela fome.

Durante milhares de anos, o mecanismo da fome orientou nossos passos. A busca por alimentos serviu como impulso original para buscar novos caminhos, escolher para onde ir e onde ficar.

Atualmente, não sentimos mais fome. Perdemos nossa orientação. Comemos sem vontade, mas por apenas prazer imediato. Aquela sensação de dorzinha no final do estômago? Não, aquilo não é fome. É apenas sinal que a última digestão terminou.

A questão sobre os alimentos é muito mais embrionária do que atualmente se imagina. A importância da alimentação é vital para a manutenção do equilíbrio da vida.

Não estaríamos aqui se não fossem os alimentos! 

Os alimentos estão no contexto dos princípios ecológicos que tornam a vida possível há 4,6 bilhões de anos.

A vida se organiza em REDES... Vivemos porque estamos interligados uns aos outros. Nada existe unilateralmente. Não existe linearidade, pois tudo são conexões!


Compreendemos que alimentar-se é estabelecer relações na Grande Teia da Vida.

A Teia da Vida é formada por elos de relações. Estamos em cooperação, co-evoluindo juntos com a finalidade de nos adaptar à impermanência e con-viver com as movimentações cíclicasNada existe de permanente a não ser a própria mudança. Vivemos porque a biodiversidade existe, a expressar a capacidade do ambiente de responder à qualquer desequilíbrio. Capacidade esta de conseguir se re-generar, de forma criativa: também conhecida como auto-transcendência.

Os princípios ecológicos estão a ensinar que existe uma inteligência na dinâmica da vida e quando nós fechamos os olhos para isso, nos desorganizamos.

O processo de construção das sociedades humanas demonstra como ocorreu a desconstrução desses princípios na ótica da vida comunitária.

O papel dos alimentos na construção na organização das sociedades humanas

A origem das sociedades humanas foi moldada pela história da nossa relação com os alimentos. O cenário vem sendo construído ao longo da nossa estada neste planeta. Desde que chegamos aqui, muita coisa vem mudando...

Em uma escala de apenas 10.000 anos... passamos de nômades-coletores, sedentários agricultores aos consumidores-tecnológicos do século XXI.

200.000 anos

Povos caçadores-coletores tinham acesso a diferentes tipos de plantas silvestres. Mantinham uma relação de proximidade com o ambiente e imprimiam estas relações no convívio social. Levavam consigo todos os seus pertences. Por isso, rejeitavam ações como a acumulação e o individualismo. Partilha e cooperação eram requisitos para a vida comunitária.

Buscar alimentos era interagir com o ambiente, a proporcionar conhecimentos sobre as características e os ritmos ecológicos do lugar.

10.000 anos

Quando os recursos alimentares silvestres já não são suficientes para sustentar a população, a agricultura começa a ser obrigatória e inicia um processo irreversível de transformação tecnológica e social das organizações humanas. As pessoas passam, cada vez mais, a se afastar da terra e a depender exclusiva e inteiramente de produtos cultivados por outras pessoas.

Com a agricultura surgem as aldeias e, mais tarde, as vilas e as cidades. Surgem também as profissões, as desigualdades e o individualismo.

500 anos

Com a Revolução Científica do Século XVI, o matemático e filósofo francês René Descartes cria a concepção mecânica e reducionista do mundo. Ele propõe um dualismo que separa a mente humana, dotada de razão, de todo o resto, que é composto por matéria: a natureza.
Era preciso ser sentir separado da natureza para poder explorá-la e dominá-la para poder conhecê-la. 

A razão instrumental como método científico propõe que é necessário considerar a natureza um objeto para poder estudá-la. Com isso, morremos um pouco por dentro. Passamos a considerar tudo como objetos: a natureza, as outras pessoas, os animais, os vegetais e também os nossos alimentos. Inicia-se uma crise nas relações.

A dessacralização da agricultura

Dessacralizamos a agricultura quando a mecanizamos para transformar biodiversidade em deserto. A visão separatista da natureza, nos afasta dos princípios ecológicos e nos priva da capacidade de aprender com a dinâmica que sustenta a vida neste planeta, há 4,6 bilhões de anos.

Estamos homogeneizando paisagens em um planeta que vive orientado pela diversidade. Derrubamos florestas no chão para criar monoculturas. E quando a terra dá seu alerta de reversão contra esta conduta, não ouvimos o seu chamado.

Apelidamos plantas espontâneas de ervas daninhas e consideramos insetos amorosos como pragas... porque não conseguimos compreender que estamos guerreando contra a força da vida tentando se re-generar... 

Ao invés de ler a mensagem das paisagens, dos insetos, dos vegetais e da desertificação dos solos, usamos armas químicas (herbicidas, adubos químicos, agrotóxicos).

E pior de tudo isso... é que estamos reproduzindo esta mesma atitude no nosso corpo!

Somos feitos à imagem e semelhança das nossas paisagens!

Vivemos em uma Teia de Vida interdependente e, literalmente, somos feitos à imagem e semelhança das nossas paisagens. Estamos sob a égide dos mesmos princípios, da mesma Rede, sob o manto da Vida que é uma só!
Imagem microscópica das florestas que moram no nosso coração
Imagem microscópica das florestas nos nossos olhos.

O corpo não reconhece comida sintética como alimento. Estamos adoecendo porque estamos homogeneizando nossas paisagens internas com outros tipos de AGROTÓXICOS:
Alimentos sintéticos são biocídicos: destroem a vida que mora dentro da gente.

Desse modo, reproduzimos os mesmos padrões que estamos utilizando na agricultura... no nosso corpo.

Quando consumos produtos sintéticos, renunciamos aos instintos alimentares e destruímos nossas florestas internas.

Quando desertificamos por dentro, acidificamos. Acidificamos nossos pensamentos, atitudes, nossas relações, nosso modo de estar-no-mundo com os outros. Adoecemos por completo!

A terra fértil é alcalina, portanto vegetais crus são alcalinos! Um corpo alcalino é aquele que se alimenta com a maior quantidade possível dos produtos vindos da terra.

A função dos alimentos é, portanto, re-orientar nosso alinhamento com a Grande Teia da Vida!
Creme de abacaxi com amêndoas germinadas decorado maria-sem-vergonha
Desse modo, mostramos como a alimentação viva é capaz de criar estilos de vida condizentes com esta realidade.

Dizemos isso, pois se a essência da vida é ser biodiversa... Quanto mais alcalino estivermos, mais o nosso corpo vai desejar pertencer à criatividade ofertada pela Matriz da Vida.

Mais vamos querer buscar a coerência entre nossas paisagens internas e nossas escolhas de vida.

Mais vamos querer nos aproximar da natureza, valorizar a simplicidade, nos relacionar de forma mais amorosa com as pessoas. Mais vamos sentir a força do fluxo da vida pulsando dentro de nós, dentro de nosso coração.

Para mudar é necessário coragem, o que significa AGIR COM O CORAÇÃO.

Comece Agora!

2 comentários :

  1. Respostas
    1. Querida, que bom que gostou!

      Fico muito feliz e agradeço sinceramente suas palavras tão estimulantes...

      É muito bom encontrar pessoas na mesma sintonia que a gente.

      Que a PAZ esteja sempre dentro do seu coração!

      beijos

      Excluir

Olá!

Escreva aqui o seu comentário sobre a postagem.

Alimentação Viva: um outro estilo de viver

Afinal, o que é Alimentação Viva para você?  Para nós, não se trata de um hábito alimentar, muito menos de uma dieta. A Alimentação...

Jovens postagens

.

Desde maio de 2017, não publico mais no Blog Panelas de Capim! Criei um novo espaço virtual para compartilhar minhas melhores inspirações...

Deixo aqui este blog como espaço de memória e referência. Aqui mora um pequeno resumo dos muitos anos dedicados à pesquisa, onde usei (aliás, ainda uso) o meu próprio corpo como experimento.


O conteúdo deste blog é, portanto, ofertado a todos aqueles que desejam aprimorar-se nas práticas da Alimentação Viva e inspirar-se no estilo de vida ecológico.

Peço gentilmente que não utilizem as nossas publicações para fins comerciais. Só porque não vale à pena promover-se financeiramente às custas do esforço e criatividade alheios.

A Vida vem da Vida!

Com carinho,

Aline Chaves
A moça que planta nas panelas

Licença Creative Commons
Panelas de Capim de Aline Almeida Chaves está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em http://panelasdecapim.blogspot.com.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

O que tem dentro das Panelas de Capim?