10 de jul. de 2013

Queremos viver com Floresta!!!!

QUEREMOS AGROFLORESTA... PARA VER CRESCER
 NA TERRA FÉRTIL:
UMA FLORESTA DE ALIMENTOS VIVOS
Início da implantação de um sistema agroflorestal
Urbana ou rural? Pequena ou grande? Independente de localização, proporções de tamanho ou técnica utilizada, podemos afirmar que Agrofloresta é antes de tudo: um princípio. 

O princípio do relacionamento humano com a vida vegetal em crescimento através de arte de produzir vida integrada à regeneração de sistemas ecológicos.

A prática da Agrofloresta consiste em re-integração do ser humano e de suas atividades no meio em que vive. Nos envolve com o despertar para nossa verdeira função no planeta: promover e renovar vida em abundância, através da cooperação com as forças da natureza para produzir florestas abundantes em alimentos e matéria orgânica.

Passamos a organizar e enriquecendo sistemas onde a terra é considerada como um ser vivo do qual somos interdependentes. Desse modo, a agrofloresta nos re-introduz à percepção de que somos partes da Grande Teia da Vida.

O agronegócio age no sentido da simplificação (entropia) do sistema original. Com isso, torna agricultores dependentes de insumos externos, contamina lençóis freáticos, extingue nascentes, limita a agrobiodiversidade, homogeneíza paisagens, destrói colônias de microorganismos vivos, enfraquece o solo e, por conseqüência, a produção de alimentos.
Do contrário, sistemas agroflorestais são implementados e manejados com o objetivo de complexificação (sintropia) para construção de estruturas mais complexas, a partir de unidades mais simples.

“A natureza da vida é se disseminar, no tempo e no espaço, de forma contínua.”

Agrofloresta é pesquisar, observar, interagir e se inspirar nos padrões de organização utilizados pela natureza para acumular energia. Estes padrões de sucessão vegetal, diversidade de vida, abundância e cooperação entre espécies, são reproduzidos no planejamento do plantio com o intuito de produzir alimentos com qualidade e abundância.

Na medida em que o sistema se desenvolve,  solo, que torna-se cada vez mais vivo e organizado, inibindo o surgimento de plantas consideradas invasoras. Proporciona, também, um manejo mais simples, pois substitui a capina da enxada (à céu aberto e sol à pino) por facão, observação, intuição e criatividade para adaptação destes princípios ao ecossistema local.

Solo organizado após 3 anos da implementação da agrofloresta. substituição inteligente para aproveitamento agrícola de um antigo pasto de braqueara

A presença de muitas plantas, inclusive árvores, formam uma rede de raízes na terra combinada com uma cobertura vegetal das copas que produzem proteção do solo sobre o impacto da chuva. Com o decorrer da sucessão, o solo fica cada vez mais vivo pela atividade das raízes em associação com microorganismos e pela grande quantidade de matéria orgânica que alimenta a vida do solo (minhoca, centopéia, besouros etc.).
Plantio adensado de vegetação para produção de alimentos com abundância:
em um raio de 1 m² tem mamão, banana, abacate, jussara, pupunha, chuchu...

Como funciona? 

O sistema agroflorestal representa sistemas de produção baseados nos princípios da natureza. Ocorre através de uma simulação dos processos da regeneração espontânea, como uma forma de aceleração destes processos consorciada com a produção de alimentos.


O sistema de agrofloresta precisa das plantas pioneiras, secundárias, transicionais, e primárias plantadas ao mesmo tempo em um espaço relativamente pequeno. Simula assim um consórcio de espécies apropriadas àquele ambiente, cada qual escolhida conforme a função que exerce no sistema, tendo em vista o uso (culinária, lenha, construção, medicinal), o tamanho (estrato rasteiro, baixo, médio, alto e emergente) e o tempo de estágio na sucessão vegetal. Desse modo, ao invés de competição, as plantas apresentam cooperação, crescem juntas e produzem em tempos diversificados, simulando, deste modo, o crescimento de uma floresta.
O sucesso depende do planejamento do plantio, implementação adequada e manejos períodicos (pelo menos de 3 em 3 meses).

As estações de plantio: época das chuvas (novembro a janeiro)

O plantio deve ser realizado em consórcio, tendo em vista o princípio da biodiversidade. Plantam-se juntas todas as plantas do mesmo sistema, pois as de ciclo curto ensinarão às de ciclo mais longo a crescer. Planta-se tudo ao mesmo tempo, pois quem vai substituir a planta retirada é a planta de ciclo mais longo que foi criada por essa mesma que agora vai sair do sistema.
Quando a agrofloresta cumpre sua função final, esgotando a energia e aproveitamento do sistema com a área sombreada, joga-se tudo no chão e recomeça a implementação de um novo sistema agroflorestal. Parte-se, agora, de um sistema de luxo onde ambiente autosuficiente e rico em matéria orgânica, a tal ponto de dispensar qualquer tipo de adubação com material externo.
Esta é um pouco da experiência que vivi ao passar 1 mês trabalhando no sistema agroflorestal no Sítio Arca de Noé implementado pelos agricultores-pesquisadores Victor e Valentine, pessoas maravilhosas com quem tive o prazer de estar junto... Gratidão!!!!

Vitor em ação no manejo agroflorestal!

Valentine e seu facão fazendo manejo das bananeiras

4 comentários :

  1. Aline, que coisa maravilhosa! integração e cooperação com a natureza ao invés de forçá-la a trabalhar a nosso favor. Nem engatinhando ainda eu estou no entendimento disso, mas é assim que eu estou, por longe, enxergando! E aí, como eu faço!! Tenho que ler e estudar muito o assunto e ainda por cima, Sózinha no meio de uma maioria familiar que vê uma chácara como um lugar pra pescaria, churrasco e cerveja. Sózinha e com muita luta estou conseguindo manter minha alimentação crua e viva.E agora, doidinha pra fazer algo pelo menos um pouco parecido com o sistema agro-floresta em minha chácara. Sózinha??? Aline, aqui eu tenho 40% em mata pobre com árvores bem fininhas e pouca vegetação, mais 10% de água represada em cima de um pequeno córrego e um antigo brejo e mais 40% de terra cheia de braqueara. Metade dessa terra toda compactada por causa de gado. Como começo?

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    Respostas
    1. Oi Rosemary!

      Sim, esta experiência é extraordinária! Há vários vídeos no youtube mostrando algumas destas práticas.

      A Cooperafloresta é uma fonte de conhecimentos práticos sobre este assunto. Há grupos bem organizados na Barra do Turvo, em São Paulo e também um povo bem orientado em Santa Catarina.

      Uma boa fonte de pesquisa também são os Cursos oferecidos por Ernest Gotsch, Brasil adentro... Há vídeos documentando suas falas também (procure no youtube).

      A experiência têm mostrado que os sistemas agroflorestais possuem implantação e manejo mais simples, quando funcionam por meio de mutirões. Isso significa ter um grupo sintonizado com ritmo pontuais e disposição para trabalho físico. O lance é a troca de mutirões! Todos trabalhando com todos.

      Aqui em casa ainda não conseguimos chegar neste ápice! rs Mas, existe um desejo interno de que algum dia isso se realize...

      Você pode começar implantando uma mini-agrofloresta, que tal? Assim, você vai encantando os outros seres da sua família com os resultados... rsrs

      É uma prática libertadora, sem dúvidas! Até porque, trabalhar em cooperação com a natureza exige-nos menos esforço do que querer controlá-la.

      Beijão

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  2. Verdade, Aline, começar com uma mini-agrofloresta, um pedaço menor. Vai ser ótimo pra minha primeira experiência! Me espera, dona enxada...!!!! rsrssss

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Desde maio de 2017, não publico mais no Blog Panelas de Capim! Criei um novo espaço virtual para compartilhar minhas melhores inspirações...

Deixo aqui este blog como espaço de memória e referência. Aqui mora um pequeno resumo dos muitos anos dedicados à pesquisa, onde usei (aliás, ainda uso) o meu próprio corpo como experimento.


O conteúdo deste blog é, portanto, ofertado a todos aqueles que desejam aprimorar-se nas práticas da Alimentação Viva e inspirar-se no estilo de vida ecológico.

Peço gentilmente que não utilizem as nossas publicações para fins comerciais. Só porque não vale à pena promover-se financeiramente às custas do esforço e criatividade alheios.

A Vida vem da Vida!

Com carinho,

Aline Chaves
A moça que planta nas panelas

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