Muito se fala sobre Agroecologia... Pouco se aprofunda sobre o assunto nas mídias sociais e demais canais de informação pública.
Para nós, a atual função da Agroecologia é devolver a sensação de pertencimento e Unidade com o fluxo da Vida.
Aline limpando canteiros para re-vitalização da Horta-Jardim |
Cobrindo os canteiros com palhas de capim para alimentar o solo, proteger do vento e das chuvas, manter a umidade e contribuir para organização da diversidade de vida invisível que mora na terra. |
Compreendemos que produzir alimentos é produzir VIDA, é perceber a realidade flexível do Planeta em que vivemos. Neste contexto, Agroecologia é a oportunidade de aprendizado para que possamos voltar a nos relacionar com o mundo como um ser vivo e a con-viver com demais formas de vida, de modo harmonioso e gentil.
Da combinação entre solo, sementes e água nasce uma explosão de vida produtiva:
alimentos, plantas medicinais e riqueza de matéria orgânica...
alimentos, plantas medicinais e riqueza de matéria orgânica...
Princípios ecológicos ensinam como a vida se organiza há 4,6 bilhões de anos no planeta... Estamos em uma REDE interdependente e interligada de vida.
Eis que nasce uma flor. A abelha precisa da flor para fazer o mel. A flor precisa da abelha para ser polinizada. Um dia a flor se transforma em fruto. O pássaro precisa se alimentar do fruto. O vegetal precisa que os animais comam seus frutos para poder espalhar suas sementes. A semente precisa da chuva. A chuva precisa que a semente se torne uma planta para poder aparar sua descida do alto do céu, escorregar pelas folhas para não machucar o chão e descer para as profundezas da terra para alimentar nascentes.
A natureza só existe porque é biodiversa. Quanto maior a diversidade de vida, maior a capacidade de um sistema vivo se adaptar às mudanças e se re-generar. É esta capacidade de auto-transcendência que torna a vida criativa. Os ciclos vitais ensinam sobre flexibilidade e impermanência. Há ciclos nas águas, nos minerais, na reprodução, nos alimentos e na morte como experiência de transformação, de modo que VIDA É MOVIMENTO... incessante e criativo do retorno às origens.
Quando relacionamos estes princípios com o contexto da produção de alimentos, entendemos que só há razão para cooperar com a dinâmica que torna a existência possível no planeta.
Vida é fluxo. A vida precisa da vida... e assim nos posicionamos como observadores que despertaram potencial sensível e intuitivo.
Organizamos um agrossistema de forma cooperativa com o ambiente e com as outras espécies. Reproduzimos, assim, uma co-evolução memorável na escala do tempo que perpetua mudanças em busca da re-generação.
Organizamos um agrossistema de forma cooperativa com o ambiente e com as outras espécies. Reproduzimos, assim, uma co-evolução memorável na escala do tempo que perpetua mudanças em busca da re-generação.
Muito mais do que produzir alimentos, queremos produzir VIDA... Isso é Agroecologia!
Plantio consorciado de espécies em sistema agroflorestal: Sítio Arca de Noé-Sapucaia-RJ |
Quer ver um exemplo?
Pragas, ervas daninhas, empobrecimento do solo, perda de perenidade das nascentes, desertificação. Resultados da nossa incapacidade de observar os princípios ecológicos da biodivesidade, cooperação e movimentações cíclicas. Na verdade, estes personagens tratados como vilões são, na verdade, agentes de transformação que atuam como sinais indicadores do desequilíbrio e agentes otimizadores da vida em um sistema vivo.
A implantação de um sistema de monocultura, seguido pelo uso de adubos químicos e herbicidas significa silenciar a voz da terra. Neste contexto, o movimento agroecológico vem sendo construído ao longo dos últimos anos em que se intensificou a industrialização da Agricultura, chamada Revolução Verde.
A morte das paisagens e suas funções ecológicas
O cerrado brasileiro foi reduzido a 2% do ecossistema original; as florestas de araucárias, atlânticas, amazônicas, pantanenses e caatinga, em permanente devastação; a utilização inconsequente de adubos químicos e herbicidas contamina lençóis freáticos, envenena animais e prejudica a saúde. Isso tudo sem contar que 70% das reservas de água doce do Planeta Terra são utilizadas de forma nociva e imediatista com irrigação.
Monocultura, homogeneidade, maquinários industriais, menosprezo ao saber popular tradicional, perda da agrobiodiversidade, perda de antigos hábitos alimentares, desrespeito à universalidade das sementes, adubos químicos, agrotóxicos, transgenia, alimentos e pessoas intoxicadas.
Isso tudo sem contar com o êxodo rural em que famílias tradicionais são expulsas do campo, em razão de uma agricultura voltada para o latifúndio.
Quando se percebe que a grande maioria dos danos ambientais, sociais e humanos estava sendo causada pela agricultura, o movimento agroecológico surge como um movimento a favor da preservação da vida!
A agroecologia é resultado do processo de observação da realidade
Precisamos conviver com a dinâmica do que é vivo para despertar em nós a sensibilidade de tudo aquilo que é, de fato, real. Valorizar a arte de produção da vida... é valorizar as sementes, a simplicidade, a percepção cíclica, o tempo de espera do amadurecimento, da colheita. Perceber as relações nos ciclos da terra: generosidade e abundância.
Para isso, recorremos à sabedoria popular tradicional e ao intercâmbio na diversidade cultural, com a finalidade de popularizar práticas e facilitar acessos a uma alimentação saudável e diversificada para ser distribuída, de forma justa e solidária.
Para isso, recorremos à sabedoria popular tradicional e ao intercâmbio na diversidade cultural, com a finalidade de popularizar práticas e facilitar acessos a uma alimentação saudável e diversificada para ser distribuída, de forma justa e solidária.
Manejo de bananeiras: colheita de frutas e alimento para o solo do Agrossistema |
Orgânico X Agroecológico
O objetivo do movimento agroecológico é produzir a cultura de cuidado, tendo por princípio o conhecimento popular tradicional, por base a produção diversificada de alimentos saudáveis em pequena escala e por método a construção coletiva fundada na troca de saberes.
O produto agroecológico incentiva a agricultura familiar. Por isso, em nada se compara ao sistema de certificação dos produtos orgânicos, cuja única orientação é a certificação. O sistema de certificação orgânica é fruto da exigência de padrões quantitativos dos produtos que podem, ou não, tornar determinada produção como passível de receber um selo de qualidade. Pouco importa se a produção é diversa, ou não... se é respeitada a sustentabilidade dos recursos naturais locais, ou não. Desse modo, é possível que existam monoculturas com certificação orgânica, por exemplo.
A valorização das famílias do campo
Compreendemos os agricultores familiares como verdadeiros guardiões dos saberes da terra. São pessoas que interagem com o sistema onde vivem, pois organizam as suas vidas a partir das estações e ciclos alimentares. Mais do que produtores de alimentos, são produtores de vida! Sem eles, não estaríamos aqui!
Há milhares de anos, mantém o conhecimento tradicional acumulado sobre as medicinas da floresta e a técnica de preservar e guardar sementes... proporcionando a continuidade dos ciclos da agricultura e a preservação da soberania alimentar dos Povos.
Estes agricultores são os portadores da agrobiodiversidade natural, a qual vem sendo substituída por novas variedades criadas em laboratórios. O resultado é a perda do potencial de adaptabilidade adquirido por anos de experiência na agricultura familiar ancestral, além da vulnerabilidade às pragas e doenças comuns nas culturas homogêneas em áreas contínuas.
Há milhares de anos, mantém o conhecimento tradicional acumulado sobre as medicinas da floresta e a técnica de preservar e guardar sementes... proporcionando a continuidade dos ciclos da agricultura e a preservação da soberania alimentar dos Povos.
Estes agricultores são os portadores da agrobiodiversidade natural, a qual vem sendo substituída por novas variedades criadas em laboratórios. O resultado é a perda do potencial de adaptabilidade adquirido por anos de experiência na agricultura familiar ancestral, além da vulnerabilidade às pragas e doenças comuns nas culturas homogêneas em áreas contínuas.
Espécies transgênicas, por exemplo, são criadas para produzir espécies plantas estéreis (não são capazes de produzir novos descendentes), de forma a gerar dependência dos produtores às empresas detentoras das patentes industriais sobre as sementes.
A questão é mais séria do que se imagina. Está no debate a respeito da soberania dos povos sobre a perda da capacidade de escolher o quê e como produzir.
Assistam ao vídeo SEMENTES DA LIBERDADE!
Movimento Agroecológico
A Agroecologia interage com a realidade rumo à transição do modelo de produção agronegócio para o modelo agroecológico. Atua em três dimensões diferentes, simultâneos e complementares entre si:
1. Uma ciência: atua como novo campo do conhecimento nos cursos técnicos e nas universidades, em cursos de graduação e pós-graduação em Agroecologia, bem como nos Centros Acadêmicos e Núcleos de Agroecologia que integram toda a diversidade de personagens em um mesmo cenário: alunos, professores, poder público e comunidades rurais.
2. Um conjunto de práticas para uso do solo e resgate das raízes humanas: agricultores agroecológicos são aqueles que produzem em pequenos espaços, em escalas reduzidas e com o máximo de diversidade possível. Esta prática lhes permite ler a paisagem onde vivem para conceber, manejar e aproveitar os recursos naturais do próprio lugar. Desse modo, sabem otimizar sua produção com o mínimo de danos ao ecossistema do qual fazem parte. Os consumidores nas feiras agroecológicas incentivam estas práticas, de modo a contribuir para sua valorização, continuidade e disseminação. Forma-se, assim, uma rede de incentivo à produção agroecológica.
3. Um movimento social: organização em redes de experiências criadas para afinar o diálogo e produzir intercâmbio de saberes entre conhecimento acadêmico e o conhecimento popular dos agricultores rurais e dos consumidores urbanos. As principais redes em agroecologia no Brasil: Articulação Nacional de Agroecologia e Agroecologia em Rede (base cadastral de experiências).
Como ter acesso aos produtos agroecológicos?
Os produtores agroecológicos fornecem para os circuitos de comercialização em feiras agroecológicas, de modo a alimentar o mercado consumidor nos centros urbanos.
Também tem as feiras agroecológicas de: Teresópolis- RJ. quartas e sábados. Local: Centro. quartas-feiras. Local: Próximo ao Sesc de Teresópolis. Formam-se, assim, os elos nas redes de consumo consciente, que por sua vez fortalecem a continuidade do processo iniciado na etapa da produção.
A grande virada da Agroecologia está na capacidade de construir socialmente uma cultura baseada na interação entre experiências de vida, o que gera muito mais do que um novo modelo agrícola, mas a emancipação e a consciência necessárias para que os próprios indivíduos (produtores, consumidores e articuladores) interfiram na sua realidade.
Também tem as feiras agroecológicas de: Teresópolis- RJ. quartas e sábados. Local: Centro. quartas-feiras. Local: Próximo ao Sesc de Teresópolis. Formam-se, assim, os elos nas redes de consumo consciente, que por sua vez fortalecem a continuidade do processo iniciado na etapa da produção.
Aline vendendo hortaliças na Feira Orgânica do Flamengo-RJ |
A troca de saberes é fundamental para nivelamento entre campos do conhecimento e para valorização do conhecimento tradicional como re-descoberta de quem nós somos e como nos relacionamos. O objetivo é sensibilizar as pessoas para valorização da agricultura familiar e para a possibilidade de transformação que pode ser impressa na vida de cada um e de todos nós.
Vamos à Feira?
Aline Chaves
Pequisadora dos ciclos alimentares e alquimista de vegetais vivos
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